A RELEVÂNCIA DAS GRAMÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DALÍNGUA PORTUGUESA

Angela Corrêa Papaini (UFPel)

1Introdução

Quando se trabalha com gramáticaspedagógicas logo remete-se aos tempos de colégio, quando os professoresassinalavam que a melhor maneira de aprender o português era seguindo umagramática tradicional ou os livros didáticos que também eram inspirados nasgramáticas.

Porém, estava claro nos momentosde estudo da língua, que somente o uso da gramática, desvinculado de outrosmateriais, pouco auxiliava no aprendizado do aluno, uma vez que, esse materialnão dava conta de todas as questões pertinentes ao ensino do português.

Apesar dos problemas relacionadoscom a gramática no ensino básico, não é possível afirmar que seu uso sejatotalmente descartado, já que, o domínio da língua padrão é uma exigência dasociedade em que vivemos, e as gramáticas são materiais de fácil acesso ecompreensão, o que facilita na busca de informações rápidas.

Atualmente, existem inúmerasgramáticas da língua portuguesa e poucos trabalhos que buscam determinar aeficácia e credibilidade de tais gramáticas. Em uma busca rápida nos anais doCongresso de Letras, utilizando como marcador a expressão "gramática", nenhumtrabalho foi encontrado. O mesmo ocorre no banco de dados da Capes, quando, como mesmo marcador "gramática", nenhum trabalho é encontrado. Em busca no GoogleAcadêmico com os marcadores "gramática" e "comparação" é encontrado um trabalhosobre o tema.

Assim como Fraga e Anzilliero(2007), esse trabalho não tem a intenção de rotular gramáticas como boas ouruins, mas sim, analisá-las afim de demonstrar as proximidades edistanciamentos presentes nesses materiais de estudo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1Gramáticas UTILIZADAS

As gramáticas pedagógicas utilizadasnesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunhae Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa de DomingosCegalla.

Como já mencionado anteriormente,as gramáticas foram escolhidas a partir de critérios pré-estabelecidos.Levou-se em conta o acesso a gramática pedagógica por todos os integrantes dogrupo, para facilitar a análise individual e em grupo, pois era necessário quetodas estivessem olhando o mesmo material para que as discussões a cerca dos objetivosfosse mais completa. Outro critério utilizado foi a popularidade da gramáticapedagógica. Entendemos como popularidade, o fácil acesso e o conhecimento detais gramáticas pela população em geral, ressaltamos que para esse levantamentonão utilizamos o questionário, e sim o conhecimento prévio que tínhamos de cadagramática disponível para o trabalho e comentários anteriores sobre cadamaterial.

Apósa escolha das gramáticas a serem utilizadas, foi realizado um levantamentobibliográfico sobre os autores e sobre a obra escolhida. Esse levantamento foirealizado para que se pudesse conhecer melhor os autores trabalhados e suasgramáticas pedagógicas.

2.1.1Nova gramática do português contemporâneo

A gramática intitulada NovaGramática do português contemporâneo foi escrita por Celso Cunha e LindleyCintra.

Celso Cunha foi um professor,filólogo e ensaísta brasileiro. Nasceu em 1917 e faleceu no ano de 1989. Entreas diversas funções exercidas durante o decorrer de sua vida, destacasse,conforme a sua biografia na Academia Brasileira de Letras (ABL) suaparticipação como membro da comissão para fixação da Nomenclatura GramaticalBrasileira[1],em 1957.

Lindley Cintra nasceu em Lisboa noano de 1925 e veio a falecer em 1991. É considerado um dos lingüistas maisimportantes do português. Em seus trabalhos era possível perceber sua visãosobre a variação lingüística do português, não excluindo nenhuma das formas doportuguês. Como afirma sua biografia:

Cintrafazia pairar uma unidade fundamental que não excluía o galego, nem os crioulos.E muito menos o português do Brasil. Em parceria com Celso Cunha elaborou agramática pedagógica intitulada "Nova Gramática do Português Contemporâneo" queprocurava servir de normativa simultaneamente, à língua usada nos paísesafricanos, Portugal e Brasil (INSTITUTO CAMÔES, s.d).

Vale ressaltar que essa gramáticafoi, segundo a Associação Brasileira de Letras (ABL), o último trabalho devulto de Celso Cunha e a primeira a trabalhar o confronto entre as "línguas"faladas nesses países: África, Portugal e Brasil. Sua primeira edição foipublicada em 1984, e para esse trabalho utilizaremos a 5ª edição, publicada em2008.

Outro aspecto interessante dessagramática diz respeito a suas reedições. Como podemos perceber, apesar dofalecimento de seus autores, a obra continua a ser atualizada e publicada. Na5ª edição existe a referência de estar sendo novamente publicada para anormatização nas novas regras ortográficas. Apesar desse fato, nos falta dadospara examinar mais a fundo as conseqüências que tal atitude pode levar.Pensamos que o conteúdo da obra não é devidamente atualizado para os dias dehoje, ou se isso ocorre, tais atualizações não receberam aprovação dos autoresoriginais da obra.

2.1.2Novíssima gramática da língua portuguesa

Domingos Paschoal Cegalla é um professor, gramático, poeta e tradutor brasileiro.Nasceu em 1920 e vive atualmente no Rio de Janeiro.

Aprimeira edição de Novíssima Gramática da Língua Portuguesa foi publicada noano de 1964 e hoje, está na sua 48ª edição. Até 2004, teve seis reformulaçõescom o intuito de mantê-la sempre atualizada.

Nessetrabalho, iremos utilizar a 46ª edição da gramática lançada em 2005. SegundoCegalla na apresentação dessa edição, a intenção era elaborar uma gramáticaclara e eficiente, organizada de maneira prática, reunindo o conteúdogramatical - que ele considera – indispensável para o estudo da línguaportuguesa.

Nessaedição foram incluídos exercícios modernos e de concursos e exames diversos coma intenção de "mantê-la atualizada, de acordo com as atuais necessidadeseducacionais".

3METODOLOGIA

Esta pesquisa teve comometodologia uma análise quanti-qualitativa e os instrumentos utilizados para acoleta de dados foram questionários e livros de gramática pedagógica,caracterizando uma pesquisa em duas etapas, levantamento e bibliográfica.

Como levantamento, partimos doentendimento de Gil (2010) "(...) caracterizam-se pela interrogação direta daspessoas cujo comportamento se deseja conhecer", para tanto, utilizamosquestionário elaborado a partir do recurso do Google chamado Google Docs. Foramelaboradas três questões sobre o uso de gramáticas e posteriormente foidistribuído por e-mail ou impresso.

Após a realização e tabulação dosdados dos questionários, foi possível estabelecer parâmetros para a análisecomparativa das gramáticas escolhidas. A partir desse momento, a pesquisa secaracterizou como bibliográfica e compreendemos pesquisa bibliográfica comoaquela elaborada com base em material já publicado (GIL, 2010).

Para a escolha das gramáticasutilizadas nesse trabalho levamos em consideração o acesso a gramática e suapopularidade.

As gramáticas pedagógicasutilizadas nesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo deCelso Cunha e Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa deDomingos Cegalla.

4 RESULTADOS

4.1 Análisedos questionários

Os questionários foram enviadospor e-mail para diversas pessoas. Procurou-se variar a classe social e a idadedos entrevistados para que tivéssemos todos os tipos de respostas possíveis.Tivemos nessa pesquisa a participação de 50 indivíduos que responderam de formavoluntária e anônima.

Quanto à primeira pergunta: Vocêconsulta alguma gramática quando estuda o português? 74% dos entrevistadosresponderam que usavam alguma forma de gramática para consulta, enquanto 26%responderam que não usavam (Gráfico 1).

Gráfico 1. Primeira pergunta doquestionário.

Como se tratavam de respostasabertas, obteve-se variadas respostas a respeito do uso ou não da gramática. Foipertinente aqui, trazer apenas aquelas que provocaram curiosidade. Entre elas,quando analisadas as respostas "sim", se destacaram respostas como, porexemplo, "a internet tem nos feitoesquecer qual a maneira correta de escrever", "Para tirar dúvidas", "Quandopretendo estudar o português normativo, uma gramática pode solucionar dúvidas eesclarecer uma determinada regra; conhecendo esta regra, a mesma dúvida não serepetirá no futuro".

Nota-se também a necessidade deuma gramática simples e clara, como cita a seguinte fala: "Normalmente há exemplos (pelo menos na que eu uso) simples e de fácilmemorização."

Diversas outras respostas seassemelharam a essas, não sendo necessária a exemplificação de todas. Baseadonessas respostas pode-se perceber que os usuários utilizam a gramática pormotivos variados que vão desde à necessidade de retirar alguma dúvida àmemorização de exemplos. Diversas respostas abordaram a necessidade de consultaralguma gramática normativa para sanar dúvidas devido à expansão da internet e,portanto, aumento do uso de um português mais usual.

Quanto às justificativas dadas poraqueles que não usam a gramática, as respostas foram bastante interessante parauma posterior análise, falas como "motivode preguiça", "Busco no Google", "é mais fácil usar o corretor do Word" e"Porque eu não estudo português" forambastante recorrentes nessa pesquisa, o que leva a questionamentos sobre aimportância real das gramáticas pedagógicas que conhecemos atualmente.

Outro aspecto interessanteapontado pela pesquisa são aquelas respostas dadas pelos participantes queinformam que não usam a gramática por utilizarem o google, ou o corretor doword. No primeiro caso, acredita-se que o usuário continua usando a gramática,apesar de estar utilizando a internet para tal consulta, uma vez que, nainternet ele procura os mesmos conceitos que encontraria na gramática em formade livro. Já para a segunda resposta (corretor do word), pode ser prejudicialpara o usuário que faz uso dessa ferramenta, pois quando necessário o uso daescrita em alguma atividade fora do computador, não saberá utilizar as regras,pois o corretor do word corrige, mas não explica.

Para respostas como "tenho preguiça"e "não estudo português" chega-se a conclusão que, para o primeiro caso, ouacredita que tem o domínio das normas gramaticais ou utiliza meios que ele nãoconsidera serem gramáticas, mesmo sendo - internet por exemplo. No segundocaso, o entrevistado interpretou a pergunta como sendo destinada para aquelesque fazem um estudo aprofundado sobre o português e não estudos rápidos paramelhor se expressar na língua.

A partir dessas respostas, aconclusão que se tem é que uma gramática precisa ser clara, coerente, possuirexemplos diversos, e ser de fácil manuseio.

A segunda e terceira perguntas sereferem a questões relacionadas às classes gramáticas e procuravam entenderqual classe gramatical era vista como a mais complicada e qual era a maisimportante (Gráfico 2 e 3). Na pergunta número 2, obteve-se um expressivonúmero de sujeitos que informaram que o verbo (27%) era o mais complicado, 22%consideram o advérbio, enquanto que nenhum sujeito (0%) considera o pronomecomo uma classe gramatical complicada.

Gráfico 2. Segunda pergunta doquestionário.

Nas respostas da segunda perguntado questionário, foi possível encontrar questões pertinentes para umadiscussão, respostas como "Porque nãoaprendi direito.", "nem lembro o que é", "Pq[2] nãodomino as regras de utilização", foram bastante freqüentes, como também, "Sempre tive dificuldade com os tempos e modos verbais. Em primeirolugar pela forma como aprendi na escola e depois a forma como foi ensinado esseconteúdo na graduação".

Nessa respostas, observa-se quealguns dos sujeitos entrevistados não compreenderam exatamente a pergunta, ouassocia a complexidade da classe gramatical com suas dificuldades pessoais. Muitasvezes o estudante considera um determinado conteúdo complicado porque ele tevedificuldades em compreender o que estava sendo ensinado. Estes dados sãoimportantes para o professor que busca melhorar suas práticas em sala de aula,uma vez que, percebendo que os conteúdos não são difíceis, mas sim seus alunos possuemdificuldades em determinados e diferentes conteúdos, ele pode pesquisar eexperimentar novas maneiras de abordar o conteúdo.

Outras respostas, no entanto,justificam que determinadas classes gramaticais apresentam dificuldades porterem muitas regras, por exemplo. Como observado nas seguintes falas: "Porque além de ter que saber todas asconjugações, temos que saber o modos verbais, geralmente é ai que está a maiordificuldade", "Devido a conjugação eas várias flexões", "Muitas regras", "Pqpode mudar o sentido do q estamos qrendo dar", "pelos tempos verbais".

Os resultados mostram que osverbos são considerados os mais difíceis e a justificativa dada por diversosentrevistados diz respeito às regras presentes nos verbos, como exemplificadoacima. Esse dado é interessante, pois mostra que apesar de diversosentrevistados associarem a complexidade da classe gramatical às questões pessoais,aqueles que consideram o verbo como o mais complicado atribuem esse fato asdiversas regras aplicadas a eles e não a possíveis dificuldades pessoais. Assim,muitos alunos podem não apresentar dificuldades de aprendizado, mas simdificuldades em aprender regras atribuídas aos verbos. Pode-se concluir que éimportante que o professor elabore atividades diferenciadas para que as regrasatribuídas aos verbos sejam além de aprendidas, compreendidas.

A terceira pergunta diz respeito aclasse gramatical que os entrevistados consideram mais importante no português:3) E qual você considera mais importante? – é possível encontrar justificativasmais associadas ao papel da classe gramatical no uso da língua do português enão as necessidades pessoais. Como nos exemplos de alguns sujeitos: "Porque ele está presente em praticamentetudo o que se escreve dando sentido às construções.", "Porque ele representa aação, o "coração" da oração" e "Penso que o artigo é o mais importante, pois as línguas mais difíceisde serem aprendidas, não fazem o uso deste."

No Gráfico 3, o verbo também éconsiderado o mais importante entre as classes gramaticais com 41% dos votos,enquanto que as demais classes gramaticais não obtiveram resultados superioresa 10%. Como é possível observar nas falas acima destacadas (duas referentes aoverbo e uma ao artigo), o verbo é considerado o mais importante pelo seu papelna frase. Diversos entrevistados acreditam que toda frase necessita de um verboe por isso ele é importante (Gráfico 3).

Gráfico 3. Terceira pergunta doquestionário

Analisando os resultados dados,percebe-se que a soma ultrapassa os 100%. Isso acontece porque diversosentrevistados optaram por responder com mais de uma alternativa, comoapresentado nas seguintes falas: "Em umalíngua toda a estrutura é importante" e "Seconsiderarmos que a língua é formada por uma rede de signos e elementos, naqual cada uma apresenta uma função dentro desta rede, perceberemos que todas asclasses gramaticais são fundamentais para a transmissão perfeita de uma mensagem coerente, nãohavendo uma mais importante que outra."

Nos trechos acima nota-se que osentrevistados compreendem que todas as classes gramaticais possuem suaimportância dentro da língua mas acredita-se que aqueles que escolheram apenasuma opção percebem uma importância maior em determinados elementos que constituemuma frase.

Essa pesquisa permitiu compreenderdiversas questões referentes as classes gramaticais, e principalmente sobre osverbos. Quando iniciou-se o trabalho de comparação entre as gramáticas, asdúvidas – que originaram as questões do questionário – eram muito evidentes. Avisão era voltada apenas para essa classe gramatical e sobre o uso dasgramáticas. Com as respostas obtidas com o questionário, foi possível elaboraruma análise mais crítica nas gramáticas, pois foi possível identificar elementosque antes passavam desapercebidos, como por exemplo, a questão dos exemplosescolhidos pelas gramáticas. As respostas dos questionários mostram que muitosutilizam as gramáticas para consultas rápidas ou até mesmo para verem algumexemplo do português, dessa forma, é necessário que a gramática possua exemplosclaros e de fácil compreensão.

Quando notou-se que a maioria dossujeitos entrevistados atribuíam ao verbo a maior complexidade e também a maiorimportância, percebeu-se que a análise deveria ser bastante crítica, poisdiversos entrevistados expressavam que o verbo era complicado devido aquantidade de regras, porém era importante por ser considerado aquele que dáação para a frase.

Tem-se em mente que um trabalho decomparação de classes gramaticais deve elencar diversos aspectos de cadaclasse, mas acredita-se também que os verbos apresentam particularidades maiscomplexas que as demais classes, pois é ele contém o maior número deinformações, ocupa o maior número de aulas para a sua explicação e muitasvezes, ainda não é compreendido pelos alunos.

CONCLUSÃO

Quando iniciou-se esse trabalho,percebe-se a complexidade que envolvia a construção de uma gramáticapedagógica. A forma como as gramáticas são elaboradas e o enfoque que é dadopara cada tipo de gramática foi bastante surpreendente.

O objetivo era de comparar duasgramáticas pedagógicas e para tal realização procurar entender alguns fenômenosque pareceram importantes para tal análise.

Conclui-se que as gramáticaspedagógicas são úteis para o aprendizado do português, porém não devem ser oúnico suporte utilizado. Muitas pessoas utilizam esse recurso para consultasrápidas da forma normativa da língua e acreditam na importância de seu uso. Asgramáticas pedagógicas possuem um lugar importante na língua português, uma vezque, precisamos saber como utilizar o português de forma normativo.

No entanto, as gramáticas nãodevem ser utilizadas para o ensino único, pois muitos estudantes, que talveztiveram uma educação onde a gramática foi bastante valorizada – moldeseducacionais de hoje – não aprenderam ou tiveram dificuldades de aprendizado emdeterminados elementos que estão presentes nas gramáticas.

Foi possível perceber que umagramática clara e objetiva é importante para consultas rápidas, e deve serdestinada para aqueles que querem conceitos, mas precisam de exemplos rápidos,ou apenas relembrar determinadas informações. Para tal uso, a gramática"Novíssima" atende as exigências dos usuários, pois em muitos momentosencontra-se explicações superficiais, que alguém que está precisando aprenderalgum conteúdo não compreenderia.

"Gramática contemporânea" por suavez, já apresenta um formato mais elaborado. Seu uso é indicado para os alunosque buscam explicações detalhadas e precisam de uma gramática para estudo.

Apesar de acreditar que "Gramáticacontemporânea" é uma gramática mais aconselhada para aqueles que precisam deinformações mais profundas, tal gramática não apresenta exercícios, o quemuitas vezes dificulta a fixação de conceitos e em alguns momentos nãoapresenta o mesmo padrão de profundidade nas explicações.

A escolha da melhor gramática irádepender do objetivo de seu usuário e não da qualidade da gramática – mesmoeste item sendo importante. Como mencionado, não se irá eleger uma melhorgramática, mas concluí-se que há uma gramática para cada ocasião.

Em relação aos verbos é possíveltrabalhar de outra forma na escola e nas gramáticas pedagógicas, pois seuestudo é importante (como também julgam os sujeitos da pesquisa) e necessitaser trabalhado de forma clara, objetiva, mas sem a necessidade de memorizaçãoou maçantes listas de conjugações.

É importante lembrar que oprofessor necessita trabalhar com mais de uma gramática, uma vez que, o uso deuma fonte apenas de consulta limita sua prática em sala de aula.

REFERÊNCIAS

CEGALLA,Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

CUNHA &CINTRA. Nova Gramática do PortuguêsContemporâneo. 5. ed. São Paulo: Lexikon, 2008.

FRAGA &ANZIELO. Advérbio: Encontros eDesencontros em Gramáticas Pedagógicas. Cadernos FAPA – N.Especial VI Fórum FAPA – 2007. Disponível em: <http://www.fapa.com.br/cadernosfapa.>

GIL, AntonioCarlos. Como elaborar projetos depesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

[1] Disponível em: <http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=ngbras.>

[2] "Asfalas foram transcritar literalmente"

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Angela Corrêa Papaini (UFPel)

1Introdução

Quando se trabalha com gramáticaspedagógicas logo remete-se aos tempos de colégio, quando os professoresassinalavam que a melhor maneira de aprender o português era seguindo umagramática tradicional ou os livros didáticos que também eram inspirados nasgramáticas.

Porém, estava claro nos momentosde estudo da língua, que somente o uso da gramática, desvinculado de outrosmateriais, pouco auxiliava no aprendizado do aluno, uma vez que, esse materialnão dava conta de todas as questões pertinentes ao ensino do português.

Apesar dos problemas relacionadoscom a gramática no ensino básico, não é possível afirmar que seu uso sejatotalmente descartado, já que, o domínio da língua padrão é uma exigência dasociedade em que vivemos, e as gramáticas são materiais de fácil acesso ecompreensão, o que facilita na busca de informações rápidas.

Atualmente, existem inúmerasgramáticas da língua portuguesa e poucos trabalhos que buscam determinar aeficácia e credibilidade de tais gramáticas. Em uma busca rápida nos anais doCongresso de Letras, utilizando como marcador a expressão "gramática", nenhumtrabalho foi encontrado. O mesmo ocorre no banco de dados da Capes, quando, como mesmo marcador "gramática", nenhum trabalho é encontrado. Em busca no GoogleAcadêmico com os marcadores "gramática" e "comparação" é encontrado um trabalhosobre o tema.

Assim como Fraga e Anzilliero(2007), esse trabalho não tem a intenção de rotular gramáticas como boas ouruins, mas sim, analisá-las afim de demonstrar as proximidades edistanciamentos presentes nesses materiais de estudo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1Gramáticas UTILIZADAS

As gramáticas pedagógicas utilizadasnesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunhae Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa de DomingosCegalla.

Como já mencionado anteriormente,as gramáticas foram escolhidas a partir de critérios pré-estabelecidos.Levou-se em conta o acesso a gramática pedagógica por todos os integrantes dogrupo, para facilitar a análise individual e em grupo, pois era necessário quetodas estivessem olhando o mesmo material para que as discussões a cerca dos objetivosfosse mais completa. Outro critério utilizado foi a popularidade da gramáticapedagógica. Entendemos como popularidade, o fácil acesso e o conhecimento detais gramáticas pela população em geral, ressaltamos que para esse levantamentonão utilizamos o questionário, e sim o conhecimento prévio que tínhamos de cadagramática disponível para o trabalho e comentários anteriores sobre cadamaterial.

Apósa escolha das gramáticas a serem utilizadas, foi realizado um levantamentobibliográfico sobre os autores e sobre a obra escolhida. Esse levantamento foirealizado para que se pudesse conhecer melhor os autores trabalhados e suasgramáticas pedagógicas.

2.1.1Nova gramática do português contemporâneo

A gramática intitulada NovaGramática do português contemporâneo foi escrita por Celso Cunha e LindleyCintra.

Celso Cunha foi um professor,filólogo e ensaísta brasileiro. Nasceu em 1917 e faleceu no ano de 1989. Entreas diversas funções exercidas durante o decorrer de sua vida, destacasse,conforme a sua biografia na Academia Brasileira de Letras (ABL) suaparticipação como membro da comissão para fixação da Nomenclatura GramaticalBrasileira[1],em 1957.

Lindley Cintra nasceu em Lisboa noano de 1925 e veio a falecer em 1991. É considerado um dos lingüistas maisimportantes do português. Em seus trabalhos era possível perceber sua visãosobre a variação lingüística do português, não excluindo nenhuma das formas doportuguês. Como afirma sua biografia:

Cintrafazia pairar uma unidade fundamental que não excluía o galego, nem os crioulos.E muito menos o português do Brasil. Em parceria com Celso Cunha elaborou agramática pedagógica intitulada "Nova Gramática do Português Contemporâneo" queprocurava servir de normativa simultaneamente, à língua usada nos paísesafricanos, Portugal e Brasil (INSTITUTO CAMÔES, s.d).

Vale ressaltar que essa gramáticafoi, segundo a Associação Brasileira de Letras (ABL), o último trabalho devulto de Celso Cunha e a primeira a trabalhar o confronto entre as "línguas"faladas nesses países: África, Portugal e Brasil. Sua primeira edição foipublicada em 1984, e para esse trabalho utilizaremos a 5ª edição, publicada em2008.

Outro aspecto interessante dessagramática diz respeito a suas reedições. Como podemos perceber, apesar dofalecimento de seus autores, a obra continua a ser atualizada e publicada. Na5ª edição existe a referência de estar sendo novamente publicada para anormatização nas novas regras ortográficas. Apesar desse fato, nos falta dadospara examinar mais a fundo as conseqüências que tal atitude pode levar.Pensamos que o conteúdo da obra não é devidamente atualizado para os dias dehoje, ou se isso ocorre, tais atualizações não receberam aprovação dos autoresoriginais da obra.

2.1.2Novíssima gramática da língua portuguesa

Domingos Paschoal Cegalla é um professor, gramático, poeta e tradutor brasileiro.Nasceu em 1920 e vive atualmente no Rio de Janeiro.

Aprimeira edição de Novíssima Gramática da Língua Portuguesa foi publicada noano de 1964 e hoje, está na sua 48ª edição. Até 2004, teve seis reformulaçõescom o intuito de mantê-la sempre atualizada.

Nessetrabalho, iremos utilizar a 46ª edição da gramática lançada em 2005. SegundoCegalla na apresentação dessa edição, a intenção era elaborar uma gramáticaclara e eficiente, organizada de maneira prática, reunindo o conteúdogramatical - que ele considera – indispensável para o estudo da línguaportuguesa.

Nessaedição foram incluídos exercícios modernos e de concursos e exames diversos coma intenção de "mantê-la atualizada, de acordo com as atuais necessidadeseducacionais".

3METODOLOGIA

Esta pesquisa teve comometodologia uma análise quanti-qualitativa e os instrumentos utilizados para acoleta de dados foram questionários e livros de gramática pedagógica,caracterizando uma pesquisa em duas etapas, levantamento e bibliográfica.

Como levantamento, partimos doentendimento de Gil (2010) "(...) caracterizam-se pela interrogação direta daspessoas cujo comportamento se deseja conhecer", para tanto, utilizamosquestionário elaborado a partir do recurso do Google chamado Google Docs. Foramelaboradas três questões sobre o uso de gramáticas e posteriormente foidistribuído por e-mail ou impresso.

Após a realização e tabulação dosdados dos questionários, foi possível estabelecer parâmetros para a análisecomparativa das gramáticas escolhidas. A partir desse momento, a pesquisa secaracterizou como bibliográfica e compreendemos pesquisa bibliográfica comoaquela elaborada com base em material já publicado (GIL, 2010).

Para a escolha das gramáticasutilizadas nesse trabalho levamos em consideração o acesso a gramática e suapopularidade.

As gramáticas pedagógicasutilizadas nesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo deCelso Cunha e Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa deDomingos Cegalla.

4 RESULTADOS

4.1 Análisedos questionários

Os questionários foram enviadospor e-mail para diversas pessoas. Procurou-se variar a classe social e a idadedos entrevistados para que tivéssemos todos os tipos de respostas possíveis.Tivemos nessa pesquisa a participação de 50 indivíduos que responderam de formavoluntária e anônima.

Quanto à primeira pergunta: Vocêconsulta alguma gramática quando estuda o português? 74% dos entrevistadosresponderam que usavam alguma forma de gramática para consulta, enquanto 26%responderam que não usavam (Gráfico 1).

Gráfico 1. Primeira pergunta doquestionário.

Como se tratavam de respostasabertas, obteve-se variadas respostas a respeito do uso ou não da gramática. Foipertinente aqui, trazer apenas aquelas que provocaram curiosidade. Entre elas,quando analisadas as respostas "sim", se destacaram respostas como, porexemplo, "a internet tem nos feitoesquecer qual a maneira correta de escrever", "Para tirar dúvidas", "Quandopretendo estudar o português normativo, uma gramática pode solucionar dúvidas eesclarecer uma determinada regra; conhecendo esta regra, a mesma dúvida não serepetirá no futuro".

Nota-se também a necessidade deuma gramática simples e clara, como cita a seguinte fala: "Normalmente há exemplos (pelo menos na que eu uso) simples e de fácilmemorização."

Diversas outras respostas seassemelharam a essas, não sendo necessária a exemplificação de todas. Baseadonessas respostas pode-se perceber que os usuários utilizam a gramática pormotivos variados que vão desde à necessidade de retirar alguma dúvida àmemorização de exemplos. Diversas respostas abordaram a necessidade de consultaralguma gramática normativa para sanar dúvidas devido à expansão da internet e,portanto, aumento do uso de um português mais usual.

Quanto às justificativas dadas poraqueles que não usam a gramática, as respostas foram bastante interessante parauma posterior análise, falas como "motivode preguiça", "Busco no Google", "é mais fácil usar o corretor do Word" e"Porque eu não estudo português" forambastante recorrentes nessa pesquisa, o que leva a questionamentos sobre aimportância real das gramáticas pedagógicas que conhecemos atualmente.

Outro aspecto interessanteapontado pela pesquisa são aquelas respostas dadas pelos participantes queinformam que não usam a gramática por utilizarem o google, ou o corretor doword. No primeiro caso, acredita-se que o usuário continua usando a gramática,apesar de estar utilizando a internet para tal consulta, uma vez que, nainternet ele procura os mesmos conceitos que encontraria na gramática em formade livro. Já para a segunda resposta (corretor do word), pode ser prejudicialpara o usuário que faz uso dessa ferramenta, pois quando necessário o uso daescrita em alguma atividade fora do computador, não saberá utilizar as regras,pois o corretor do word corrige, mas não explica.

Para respostas como "tenho preguiça"e "não estudo português" chega-se a conclusão que, para o primeiro caso, ouacredita que tem o domínio das normas gramaticais ou utiliza meios que ele nãoconsidera serem gramáticas, mesmo sendo - internet por exemplo. No segundocaso, o entrevistado interpretou a pergunta como sendo destinada para aquelesque fazem um estudo aprofundado sobre o português e não estudos rápidos paramelhor se expressar na língua.

A partir dessas respostas, aconclusão que se tem é que uma gramática precisa ser clara, coerente, possuirexemplos diversos, e ser de fácil manuseio.

A segunda e terceira perguntas sereferem a questões relacionadas às classes gramáticas e procuravam entenderqual classe gramatical era vista como a mais complicada e qual era a maisimportante (Gráfico 2 e 3). Na pergunta número 2, obteve-se um expressivonúmero de sujeitos que informaram que o verbo (27%) era o mais complicado, 22%consideram o advérbio, enquanto que nenhum sujeito (0%) considera o pronomecomo uma classe gramatical complicada.

Gráfico 2. Segunda pergunta doquestionário.

Nas respostas da segunda perguntado questionário, foi possível encontrar questões pertinentes para umadiscussão, respostas como "Porque nãoaprendi direito.", "nem lembro o que é", "Pq[2] nãodomino as regras de utilização", foram bastante freqüentes, como também, "Sempre tive dificuldade com os tempos e modos verbais. Em primeirolugar pela forma como aprendi na escola e depois a forma como foi ensinado esseconteúdo na graduação".

Nessa respostas, observa-se quealguns dos sujeitos entrevistados não compreenderam exatamente a pergunta, ouassocia a complexidade da classe gramatical com suas dificuldades pessoais. Muitasvezes o estudante considera um determinado conteúdo complicado porque ele tevedificuldades em compreender o que estava sendo ensinado. Estes dados sãoimportantes para o professor que busca melhorar suas práticas em sala de aula,uma vez que, percebendo que os conteúdos não são difíceis, mas sim seus alunos possuemdificuldades em determinados e diferentes conteúdos, ele pode pesquisar eexperimentar novas maneiras de abordar o conteúdo.

Outras respostas, no entanto,justificam que determinadas classes gramaticais apresentam dificuldades porterem muitas regras, por exemplo. Como observado nas seguintes falas: "Porque além de ter que saber todas asconjugações, temos que saber o modos verbais, geralmente é ai que está a maiordificuldade", "Devido a conjugação eas várias flexões", "Muitas regras", "Pqpode mudar o sentido do q estamos qrendo dar", "pelos tempos verbais".

Os resultados mostram que osverbos são considerados os mais difíceis e a justificativa dada por diversosentrevistados diz respeito às regras presentes nos verbos, como exemplificadoacima. Esse dado é interessante, pois mostra que apesar de diversosentrevistados associarem a complexidade da classe gramatical às questões pessoais,aqueles que consideram o verbo como o mais complicado atribuem esse fato asdiversas regras aplicadas a eles e não a possíveis dificuldades pessoais. Assim,muitos alunos podem não apresentar dificuldades de aprendizado, mas simdificuldades em aprender regras atribuídas aos verbos. Pode-se concluir que éimportante que o professor elabore atividades diferenciadas para que as regrasatribuídas aos verbos sejam além de aprendidas, compreendidas.

A terceira pergunta diz respeito aclasse gramatical que os entrevistados consideram mais importante no português:3) E qual você considera mais importante? – é possível encontrar justificativasmais associadas ao papel da classe gramatical no uso da língua do português enão as necessidades pessoais. Como nos exemplos de alguns sujeitos: "Porque ele está presente em praticamentetudo o que se escreve dando sentido às construções.", "Porque ele representa aação, o "coração" da oração" e "Penso que o artigo é o mais importante, pois as línguas mais difíceisde serem aprendidas, não fazem o uso deste."

No Gráfico 3, o verbo também éconsiderado o mais importante entre as classes gramaticais com 41% dos votos,enquanto que as demais classes gramaticais não obtiveram resultados superioresa 10%. Como é possível observar nas falas acima destacadas (duas referentes aoverbo e uma ao artigo), o verbo é considerado o mais importante pelo seu papelna frase. Diversos entrevistados acreditam que toda frase necessita de um verboe por isso ele é importante (Gráfico 3).

Gráfico 3. Terceira pergunta doquestionário

Analisando os resultados dados,percebe-se que a soma ultrapassa os 100%. Isso acontece porque diversosentrevistados optaram por responder com mais de uma alternativa, comoapresentado nas seguintes falas: "Em umalíngua toda a estrutura é importante" e "Seconsiderarmos que a língua é formada por uma rede de signos e elementos, naqual cada uma apresenta uma função dentro desta rede, perceberemos que todas asclasses gramaticais são fundamentais para a transmissão perfeita de uma mensagem coerente, nãohavendo uma mais importante que outra."

Nos trechos acima nota-se que osentrevistados compreendem que todas as classes gramaticais possuem suaimportância dentro da língua mas acredita-se que aqueles que escolheram apenasuma opção percebem uma importância maior em determinados elementos que constituemuma frase.

Essa pesquisa permitiu compreenderdiversas questões referentes as classes gramaticais, e principalmente sobre osverbos. Quando iniciou-se o trabalho de comparação entre as gramáticas, asdúvidas – que originaram as questões do questionário – eram muito evidentes. Avisão era voltada apenas para essa classe gramatical e sobre o uso dasgramáticas. Com as respostas obtidas com o questionário, foi possível elaboraruma análise mais crítica nas gramáticas, pois foi possível identificar elementosque antes passavam desapercebidos, como por exemplo, a questão dos exemplosescolhidos pelas gramáticas. As respostas dos questionários mostram que muitosutilizam as gramáticas para consultas rápidas ou até mesmo para verem algumexemplo do português, dessa forma, é necessário que a gramática possua exemplosclaros e de fácil compreensão.

Quando notou-se que a maioria dossujeitos entrevistados atribuíam ao verbo a maior complexidade e também a maiorimportância, percebeu-se que a análise deveria ser bastante crítica, poisdiversos entrevistados expressavam que o verbo era complicado devido aquantidade de regras, porém era importante por ser considerado aquele que dáação para a frase.

Tem-se em mente que um trabalho decomparação de classes gramaticais deve elencar diversos aspectos de cadaclasse, mas acredita-se também que os verbos apresentam particularidades maiscomplexas que as demais classes, pois é ele contém o maior número deinformações, ocupa o maior número de aulas para a sua explicação e muitasvezes, ainda não é compreendido pelos alunos.

CONCLUSÃO

Quando iniciou-se esse trabalho,percebe-se a complexidade que envolvia a construção de uma gramáticapedagógica. A forma como as gramáticas são elaboradas e o enfoque que é dadopara cada tipo de gramática foi bastante surpreendente.

O objetivo era de comparar duasgramáticas pedagógicas e para tal realização procurar entender alguns fenômenosque pareceram importantes para tal análise.

Conclui-se que as gramáticaspedagógicas são úteis para o aprendizado do português, porém não devem ser oúnico suporte utilizado. Muitas pessoas utilizam esse recurso para consultasrápidas da forma normativa da língua e acreditam na importância de seu uso. Asgramáticas pedagógicas possuem um lugar importante na língua português, uma vezque, precisamos saber como utilizar o português de forma normativo.

No entanto, as gramáticas nãodevem ser utilizadas para o ensino único, pois muitos estudantes, que talveztiveram uma educação onde a gramática foi bastante valorizada – moldeseducacionais de hoje – não aprenderam ou tiveram dificuldades de aprendizado emdeterminados elementos que estão presentes nas gramáticas.

Foi possível perceber que umagramática clara e objetiva é importante para consultas rápidas, e deve serdestinada para aqueles que querem conceitos, mas precisam de exemplos rápidos,ou apenas relembrar determinadas informações. Para tal uso, a gramática"Novíssima" atende as exigências dos usuários, pois em muitos momentosencontra-se explicações superficiais, que alguém que está precisando aprenderalgum conteúdo não compreenderia.

"Gramática contemporânea" por suavez, já apresenta um formato mais elaborado. Seu uso é indicado para os alunosque buscam explicações detalhadas e precisam de uma gramática para estudo.

Apesar de acreditar que "Gramáticacontemporânea" é uma gramática mais aconselhada para aqueles que precisam deinformações mais profundas, tal gramática não apresenta exercícios, o quemuitas vezes dificulta a fixação de conceitos e em alguns momentos nãoapresenta o mesmo padrão de profundidade nas explicações.

A escolha da melhor gramática irádepender do objetivo de seu usuário e não da qualidade da gramática – mesmoeste item sendo importante. Como mencionado, não se irá eleger uma melhorgramática, mas concluí-se que há uma gramática para cada ocasião.

Em relação aos verbos é possíveltrabalhar de outra forma na escola e nas gramáticas pedagógicas, pois seuestudo é importante (como também julgam os sujeitos da pesquisa) e necessitaser trabalhado de forma clara, objetiva, mas sem a necessidade de memorizaçãoou maçantes listas de conjugações.

É importante lembrar que oprofessor necessita trabalhar com mais de uma gramática, uma vez que, o uso deuma fonte apenas de consulta limita sua prática em sala de aula.

REFERÊNCIAS

CEGALLA,Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

CUNHA &CINTRA. Nova Gramática do PortuguêsContemporâneo. 5. ed. São Paulo: Lexikon, 2008.

FRAGA &ANZIELO. Advérbio: Encontros eDesencontros em Gramáticas Pedagógicas. Cadernos FAPA – N.Especial VI Fórum FAPA – 2007. Disponível em: <http://www.fapa.com.br/cadernosfapa.>

GIL, AntonioCarlos. Como elaborar projetos depesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

[1] Disponível em: <http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=ngbras.>

[2] "Asfalas foram transcritar literalmente"

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Angela Corrêa Papaini (UFPel)

1Introdução

Quando se trabalha com gramáticaspedagógicas logo remete-se aos tempos de colégio, quando os professoresassinalavam que a melhor maneira de aprender o português era seguindo umagramática tradicional ou os livros didáticos que também eram inspirados nasgramáticas.

Porém, estava claro nos momentosde estudo da língua, que somente o uso da gramática, desvinculado de outrosmateriais, pouco auxiliava no aprendizado do aluno, uma vez que, esse materialnão dava conta de todas as questões pertinentes ao ensino do português.

Apesar dos problemas relacionadoscom a gramática no ensino básico, não é possível afirmar que seu uso sejatotalmente descartado, já que, o domínio da língua padrão é uma exigência dasociedade em que vivemos, e as gramáticas são materiais de fácil acesso ecompreensão, o que facilita na busca de informações rápidas.

Atualmente, existem inúmerasgramáticas da língua portuguesa e poucos trabalhos que buscam determinar aeficácia e credibilidade de tais gramáticas. Em uma busca rápida nos anais doCongresso de Letras, utilizando como marcador a expressão "gramática", nenhumtrabalho foi encontrado. O mesmo ocorre no banco de dados da Capes, quando, como mesmo marcador "gramática", nenhum trabalho é encontrado. Em busca no GoogleAcadêmico com os marcadores "gramática" e "comparação" é encontrado um trabalhosobre o tema.

Assim como Fraga e Anzilliero(2007), esse trabalho não tem a intenção de rotular gramáticas como boas ouruins, mas sim, analisá-las afim de demonstrar as proximidades edistanciamentos presentes nesses materiais de estudo.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1Gramáticas UTILIZADAS

As gramáticas pedagógicas utilizadasnesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunhae Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa de DomingosCegalla.

Como já mencionado anteriormente,as gramáticas foram escolhidas a partir de critérios pré-estabelecidos.Levou-se em conta o acesso a gramática pedagógica por todos os integrantes dogrupo, para facilitar a análise individual e em grupo, pois era necessário quetodas estivessem olhando o mesmo material para que as discussões a cerca dos objetivosfosse mais completa. Outro critério utilizado foi a popularidade da gramáticapedagógica. Entendemos como popularidade, o fácil acesso e o conhecimento detais gramáticas pela população em geral, ressaltamos que para esse levantamentonão utilizamos o questionário, e sim o conhecimento prévio que tínhamos de cadagramática disponível para o trabalho e comentários anteriores sobre cadamaterial.

Apósa escolha das gramáticas a serem utilizadas, foi realizado um levantamentobibliográfico sobre os autores e sobre a obra escolhida. Esse levantamento foirealizado para que se pudesse conhecer melhor os autores trabalhados e suasgramáticas pedagógicas.

2.1.1Nova gramática do português contemporâneo

A gramática intitulada NovaGramática do português contemporâneo foi escrita por Celso Cunha e LindleyCintra.

Celso Cunha foi um professor,filólogo e ensaísta brasileiro. Nasceu em 1917 e faleceu no ano de 1989. Entreas diversas funções exercidas durante o decorrer de sua vida, destacasse,conforme a sua biografia na Academia Brasileira de Letras (ABL) suaparticipação como membro da comissão para fixação da Nomenclatura GramaticalBrasileira[1],em 1957.

Lindley Cintra nasceu em Lisboa noano de 1925 e veio a falecer em 1991. É considerado um dos lingüistas maisimportantes do português. Em seus trabalhos era possível perceber sua visãosobre a variação lingüística do português, não excluindo nenhuma das formas doportuguês. Como afirma sua biografia:

Cintrafazia pairar uma unidade fundamental que não excluía o galego, nem os crioulos.E muito menos o português do Brasil. Em parceria com Celso Cunha elaborou agramática pedagógica intitulada "Nova Gramática do Português Contemporâneo" queprocurava servir de normativa simultaneamente, à língua usada nos paísesafricanos, Portugal e Brasil (INSTITUTO CAMÔES, s.d).

Vale ressaltar que essa gramáticafoi, segundo a Associação Brasileira de Letras (ABL), o último trabalho devulto de Celso Cunha e a primeira a trabalhar o confronto entre as "línguas"faladas nesses países: África, Portugal e Brasil. Sua primeira edição foipublicada em 1984, e para esse trabalho utilizaremos a 5ª edição, publicada em2008.

Outro aspecto interessante dessagramática diz respeito a suas reedições. Como podemos perceber, apesar dofalecimento de seus autores, a obra continua a ser atualizada e publicada. Na5ª edição existe a referência de estar sendo novamente publicada para anormatização nas novas regras ortográficas. Apesar desse fato, nos falta dadospara examinar mais a fundo as conseqüências que tal atitude pode levar.Pensamos que o conteúdo da obra não é devidamente atualizado para os dias dehoje, ou se isso ocorre, tais atualizações não receberam aprovação dos autoresoriginais da obra.

2.1.2Novíssima gramática da língua portuguesa

Domingos Paschoal Cegalla é um professor, gramático, poeta e tradutor brasileiro.Nasceu em 1920 e vive atualmente no Rio de Janeiro.

Aprimeira edição de Novíssima Gramática da Língua Portuguesa foi publicada noano de 1964 e hoje, está na sua 48ª edição. Até 2004, teve seis reformulaçõescom o intuito de mantê-la sempre atualizada.

Nessetrabalho, iremos utilizar a 46ª edição da gramática lançada em 2005. SegundoCegalla na apresentação dessa edição, a intenção era elaborar uma gramáticaclara e eficiente, organizada de maneira prática, reunindo o conteúdogramatical - que ele considera – indispensável para o estudo da línguaportuguesa.

Nessaedição foram incluídos exercícios modernos e de concursos e exames diversos coma intenção de "mantê-la atualizada, de acordo com as atuais necessidadeseducacionais".

3METODOLOGIA

Esta pesquisa teve comometodologia uma análise quanti-qualitativa e os instrumentos utilizados para acoleta de dados foram questionários e livros de gramática pedagógica,caracterizando uma pesquisa em duas etapas, levantamento e bibliográfica.

Como levantamento, partimos doentendimento de Gil (2010) "(...) caracterizam-se pela interrogação direta daspessoas cujo comportamento se deseja conhecer", para tanto, utilizamosquestionário elaborado a partir do recurso do Google chamado Google Docs. Foramelaboradas três questões sobre o uso de gramáticas e posteriormente foidistribuído por e-mail ou impresso.

Após a realização e tabulação dosdados dos questionários, foi possível estabelecer parâmetros para a análisecomparativa das gramáticas escolhidas. A partir desse momento, a pesquisa secaracterizou como bibliográfica e compreendemos pesquisa bibliográfica comoaquela elaborada com base em material já publicado (GIL, 2010).

Para a escolha das gramáticasutilizadas nesse trabalho levamos em consideração o acesso a gramática e suapopularidade.

As gramáticas pedagógicasutilizadas nesse trabalho foram: Nova Gramática do Português Contemporâneo deCelso Cunha e Lindley Cintra e Novíssima Gramática da língua Portuguesa deDomingos Cegalla.

4 RESULTADOS

4.1 Análisedos questionários

Os questionários foram enviadospor e-mail para diversas pessoas. Procurou-se variar a classe social e a idadedos entrevistados para que tivéssemos todos os tipos de respostas possíveis.Tivemos nessa pesquisa a participação de 50 indivíduos que responderam de formavoluntária e anônima.

Quanto à primeira pergunta: Vocêconsulta alguma gramática quando estuda o português? 74% dos entrevistadosresponderam que usavam alguma forma de gramática para consulta, enquanto 26%responderam que não usavam (Gráfico 1).

Gráfico 1. Primeira pergunta doquestionário.

Como se tratavam de respostasabertas, obteve-se variadas respostas a respeito do uso ou não da gramática. Foipertinente aqui, trazer apenas aquelas que provocaram curiosidade. Entre elas,quando analisadas as respostas "sim", se destacaram respostas como, porexemplo, "a internet tem nos feitoesquecer qual a maneira correta de escrever", "Para tirar dúvidas", "Quandopretendo estudar o português normativo, uma gramática pode solucionar dúvidas eesclarecer uma determinada regra; conhecendo esta regra, a mesma dúvida não serepetirá no futuro".

Nota-se também a necessidade deuma gramática simples e clara, como cita a seguinte fala: "Normalmente há exemplos (pelo menos na que eu uso) simples e de fácilmemorização."

Diversas outras respostas seassemelharam a essas, não sendo necessária a exemplificação de todas. Baseadonessas respostas pode-se perceber que os usuários utilizam a gramática pormotivos variados que vão desde à necessidade de retirar alguma dúvida àmemorização de exemplos. Diversas respostas abordaram a necessidade de consultaralguma gramática normativa para sanar dúvidas devido à expansão da internet e,portanto, aumento do uso de um português mais usual.

Quanto às justificativas dadas poraqueles que não usam a gramática, as respostas foram bastante interessante parauma posterior análise, falas como "motivode preguiça", "Busco no Google", "é mais fácil usar o corretor do Word" e"Porque eu não estudo português" forambastante recorrentes nessa pesquisa, o que leva a questionamentos sobre aimportância real das gramáticas pedagógicas que conhecemos atualmente.

Outro aspecto interessanteapontado pela pesquisa são aquelas respostas dadas pelos participantes queinformam que não usam a gramática por utilizarem o google, ou o corretor doword. No primeiro caso, acredita-se que o usuário continua usando a gramática,apesar de estar utilizando a internet para tal consulta, uma vez que, nainternet ele procura os mesmos conceitos que encontraria na gramática em formade livro. Já para a segunda resposta (corretor do word), pode ser prejudicialpara o usuário que faz uso dessa ferramenta, pois quando necessário o uso daescrita em alguma atividade fora do computador, não saberá utilizar as regras,pois o corretor do word corrige, mas não explica.

Para respostas como "tenho preguiça"e "não estudo português" chega-se a conclusão que, para o primeiro caso, ouacredita que tem o domínio das normas gramaticais ou utiliza meios que ele nãoconsidera serem gramáticas, mesmo sendo - internet por exemplo. No segundocaso, o entrevistado interpretou a pergunta como sendo destinada para aquelesque fazem um estudo aprofundado sobre o português e não estudos rápidos paramelhor se expressar na língua.

A partir dessas respostas, aconclusão que se tem é que uma gramática precisa ser clara, coerente, possuirexemplos diversos, e ser de fácil manuseio.

A segunda e terceira perguntas sereferem a questões relacionadas às classes gramáticas e procuravam entenderqual classe gramatical era vista como a mais complicada e qual era a maisimportante (Gráfico 2 e 3). Na pergunta número 2, obteve-se um expressivonúmero de sujeitos que informaram que o verbo (27%) era o mais complicado, 22%consideram o advérbio, enquanto que nenhum sujeito (0%) considera o pronomecomo uma classe gramatical complicada.

Gráfico 2. Segunda pergunta doquestionário.

Nas respostas da segunda perguntado questionário, foi possível encontrar questões pertinentes para umadiscussão, respostas como "Porque nãoaprendi direito.", "nem lembro o que é", "Pq[2] nãodomino as regras de utilização", foram bastante freqüentes, como também, "Sempre tive dificuldade com os tempos e modos verbais. Em primeirolugar pela forma como aprendi na escola e depois a forma como foi ensinado esseconteúdo na graduação".

Nessa respostas, observa-se quealguns dos sujeitos entrevistados não compreenderam exatamente a pergunta, ouassocia a complexidade da classe gramatical com suas dificuldades pessoais. Muitasvezes o estudante considera um determinado conteúdo complicado porque ele tevedificuldades em compreender o que estava sendo ensinado. Estes dados sãoimportantes para o professor que busca melhorar suas práticas em sala de aula,uma vez que, percebendo que os conteúdos não são difíceis, mas sim seus alunos possuemdificuldades em determinados e diferentes conteúdos, ele pode pesquisar eexperimentar novas maneiras de abordar o conteúdo.

Outras respostas, no entanto,justificam que determinadas classes gramaticais apresentam dificuldades porterem muitas regras, por exemplo. Como observado nas seguintes falas: "Porque além de ter que saber todas asconjugações, temos que saber o modos verbais, geralmente é ai que está a maiordificuldade", "Devido a conjugação eas várias flexões", "Muitas regras", "Pqpode mudar o sentido do q estamos qrendo dar", "pelos tempos verbais".

Os resultados mostram que osverbos são considerados os mais difíceis e a justificativa dada por diversosentrevistados diz respeito às regras presentes nos verbos, como exemplificadoacima. Esse dado é interessante, pois mostra que apesar de diversosentrevistados associarem a complexidade da classe gramatical às questões pessoais,aqueles que consideram o verbo como o mais complicado atribuem esse fato asdiversas regras aplicadas a eles e não a possíveis dificuldades pessoais. Assim,muitos alunos podem não apresentar dificuldades de aprendizado, mas simdificuldades em aprender regras atribuídas aos verbos. Pode-se concluir que éimportante que o professor elabore atividades diferenciadas para que as regrasatribuídas aos verbos sejam além de aprendidas, compreendidas.

A terceira pergunta diz respeito aclasse gramatical que os entrevistados consideram mais importante no português:3) E qual você considera mais importante? – é possível encontrar justificativasmais associadas ao papel da classe gramatical no uso da língua do português enão as necessidades pessoais. Como nos exemplos de alguns sujeitos: "Porque ele está presente em praticamentetudo o que se escreve dando sentido às construções.", "Porque ele representa aação, o "coração" da oração" e "Penso que o artigo é o mais importante, pois as línguas mais difíceisde serem aprendidas, não fazem o uso deste."

No Gráfico 3, o verbo também éconsiderado o mais importante entre as classes gramaticais com 41% dos votos,enquanto que as demais classes gramaticais não obtiveram resultados superioresa 10%. Como é possível observar nas falas acima destacadas (duas referentes aoverbo e uma ao artigo), o verbo é considerado o mais importante pelo seu papelna frase. Diversos entrevistados acreditam que toda frase necessita de um verboe por isso ele é importante (Gráfico 3).

Gráfico 3. Terceira pergunta doquestionário

Analisando os resultados dados,percebe-se que a soma ultrapassa os 100%. Isso acontece porque diversosentrevistados optaram por responder com mais de uma alternativa, comoapresentado nas seguintes falas: "Em umalíngua toda a estrutura é importante" e "Seconsiderarmos que a língua é formada por uma rede de signos e elementos, naqual cada uma apresenta uma função dentro desta rede, perceberemos que todas asclasses gramaticais são fundamentais para a transmissão perfeita de uma mensagem coerente, nãohavendo uma mais importante que outra."

Nos trechos acima nota-se que osentrevistados compreendem que todas as classes gramaticais possuem suaimportância dentro da língua mas acredita-se que aqueles que escolheram apenasuma opção percebem uma importância maior em determinados elementos que constituemuma frase.

Essa pesquisa permitiu compreenderdiversas questões referentes as classes gramaticais, e principalmente sobre osverbos. Quando iniciou-se o trabalho de comparação entre as gramáticas, asdúvidas – que originaram as questões do questionário – eram muito evidentes. Avisão era voltada apenas para essa classe gramatical e sobre o uso dasgramáticas. Com as respostas obtidas com o questionário, foi possível elaboraruma análise mais crítica nas gramáticas, pois foi possível identificar elementosque antes passavam desapercebidos, como por exemplo, a questão dos exemplosescolhidos pelas gramáticas. As respostas dos questionários mostram que muitosutilizam as gramáticas para consultas rápidas ou até mesmo para verem algumexemplo do português, dessa forma, é necessário que a gramática possua exemplosclaros e de fácil compreensão.

Quando notou-se que a maioria dossujeitos entrevistados atribuíam ao verbo a maior complexidade e também a maiorimportância, percebeu-se que a análise deveria ser bastante crítica, poisdiversos entrevistados expressavam que o verbo era complicado devido aquantidade de regras, porém era importante por ser considerado aquele que dáação para a frase.

Tem-se em mente que um trabalho decomparação de classes gramaticais deve elencar diversos aspectos de cadaclasse, mas acredita-se também que os verbos apresentam particularidades maiscomplexas que as demais classes, pois é ele contém o maior número deinformações, ocupa o maior número de aulas para a sua explicação e muitasvezes, ainda não é compreendido pelos alunos.

CONCLUSÃO

Quando iniciou-se esse trabalho,percebe-se a complexidade que envolvia a construção de uma gramáticapedagógica. A forma como as gramáticas são elaboradas e o enfoque que é dadopara cada tipo de gramática foi bastante surpreendente.

O objetivo era de comparar duasgramáticas pedagógicas e para tal realização procurar entender alguns fenômenosque pareceram importantes para tal análise.

Conclui-se que as gramáticaspedagógicas são úteis para o aprendizado do português, porém não devem ser oúnico suporte utilizado. Muitas pessoas utilizam esse recurso para consultasrápidas da forma normativa da língua e acreditam na importância de seu uso. Asgramáticas pedagógicas possuem um lugar importante na língua português, uma vezque, precisamos saber como utilizar o português de forma normativo.

No entanto, as gramáticas nãodevem ser utilizadas para o ensino único, pois muitos estudantes, que talveztiveram uma educação onde a gramática foi bastante valorizada – moldeseducacionais de hoje – não aprenderam ou tiveram dificuldades de aprendizado emdeterminados elementos que estão presentes nas gramáticas.

Foi possível perceber que umagramática clara e objetiva é importante para consultas rápidas, e deve serdestinada para aqueles que querem conceitos, mas precisam de exemplos rápidos,ou apenas relembrar determinadas informações. Para tal uso, a gramática"Novíssima" atende as exigências dos usuários, pois em muitos momentosencontra-se explicações superficiais, que alguém que está precisando aprenderalgum conteúdo não compreenderia.

"Gramática contemporânea" por suavez, já apresenta um formato mais elaborado. Seu uso é indicado para os alunosque buscam explicações detalhadas e precisam de uma gramática para estudo.

Apesar de acreditar que "Gramáticacontemporânea" é uma gramática mais aconselhada para aqueles que precisam deinformações mais profundas, tal gramática não apresenta exercícios, o quemuitas vezes dificulta a fixação de conceitos e em alguns momentos nãoapresenta o mesmo padrão de profundidade nas explicações.

A escolha da melhor gramática irádepender do objetivo de seu usuário e não da qualidade da gramática – mesmoeste item sendo importante. Como mencionado, não se irá eleger uma melhorgramática, mas concluí-se que há uma gramática para cada ocasião.

Em relação aos verbos é possíveltrabalhar de outra forma na escola e nas gramáticas pedagógicas, pois seuestudo é importante (como também julgam os sujeitos da pesquisa) e necessitaser trabalhado de forma clara, objetiva, mas sem a necessidade de memorizaçãoou maçantes listas de conjugações.

É importante lembrar que oprofessor necessita trabalhar com mais de uma gramática, uma vez que, o uso deuma fonte apenas de consulta limita sua prática em sala de aula.

REFERÊNCIAS

CEGALLA,Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005.

CUNHA &CINTRA. Nova Gramática do PortuguêsContemporâneo. 5. ed. São Paulo: Lexikon, 2008.

FRAGA &ANZIELO. Advérbio: Encontros eDesencontros em Gramáticas Pedagógicas. Cadernos FAPA – N.Especial VI Fórum FAPA – 2007. Disponível em: <http://www.fapa.com.br/cadernosfapa.>

GIL, AntonioCarlos. Como elaborar projetos depesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

[1] Disponível em: <http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=ngbras.>

[2] "Asfalas foram transcritar literalmente"